Salas de Chuto
Paulo Moreira e Diogo Matos
A proposta:
O edifício é anónimo, uma construção simples e serena para um programa controverso. A intervenção propõe continuidades com as pré-existências, abordagem que reflecte o desejo de aceitação social pretendida pelos futuros utilizadores. O programa articula-se ao longo de cinco pisos: entrada, recepção, auditório, sala de espera, salas de chuto, serviço de reabilitação e reinserção social, cafetaria e serviços administrativos. O edifício é espelhado, o que permite aos seus utilizadores contemplar a cidade sem que sejam vistos do exterior. A reflexão do Palácio de S. Bento transmite a vontade de integração na sociedade de indivíduos marginalizados.
O que disse o júri:
Trabalho provocador de tom irónico que propõe a edificação de uma “sala de chuto” num vazio urbano em frente à Assembleia da República. Com um alçado que se torna no reflexo do contexto envolvente, evoca-se uma leitura de integração do toxicodependente na sociedade que é assumida no compromisso que responsabiliza conjuntamente política e arquitectura, enfatizando a responsabilidade social também do arquitecto.
Contributo para uma reflexão:
Paulo Moreira e Diogo Matos materializam a ironia de um edifício-espelho para albergar salas de injecção medicamente assistida. Um espelho para preencher um vazio urbano ou para ocultar o vazio humano da toxicodependência – mais do que uma proposta arquitectónica, uma metáfora de uma realidade social e política que habita os vazios profundos que se encerram na vida das nossas cidades.
Assisted recovery center (drug rehab)
Paulo Moreira and Diogo Matos
The proposal (summary):
An anonymous building, a simple and serene construction to shelter a controversial program. The intervention establishes continuity with its surroundings; an approach that reflects the desire for social acceptance. The building has a mirrored façade, allowing its users to observe the city without being seen. The reflection of the Parliament echoes the will for social integration of marginalized individuals.
What the jury said:
A provocative work of ironic nature that proposes an assisted recovery centre in an urban void standing in front of the Parliament building. With a mirrored exterior that reproduces its surroundings, it dramatizes the need for social integration of drug addicted citizens.
Contribute for a reflection:
Paulo Moreira and Diogo Matos materialize a mirrored building to shelter medically assisted drug rehab rooms. A mirror to fill an urban void but also to conceal the human void of drug addiction – more than an architectural design proposal, a metaphor for a social and political reality that dwells in the deep voids of our cities.