Doca do Jardim do Tabaco
Marco Simões da Silva e Daniela Trigo Lopes.
A proposta:
O que serão os vazios urbanos se não o próprio reflexo da condição humana e urbana actual, baseado num estilo de vida dotado de flutuação temporal e local, condensado em experiências do aqui e agora. Vazios, com a sua própria temporalidade, com um período de espaço de tempo em que se encontram expectantes, até que a cidade os reabsorva.
Em comparação, um vazio urbano poderá desempenhar o mesmo papel importante que tem um quarto vazio na nossa casa, são os espaços mais flexíveis à espera de novas utilizações, que poderão ter um papel fundamental de contraste com os espaços preenchidos por peças de mobiliário.
É em abstracção, o local onde nos refugiamos dos espaços já formatados nas restantes divisões, um espaço que poderemos utilizar de diferente forma. São estes espaços que nos estimulam a imaginação do que poderia vir a ser, mas que não o é, e que se fosse, passaria a ser outro igual a tantos que nos fazem desejar estes…
O que disse o júri:
Esta proposta para a Doca do Jardim do Tabaco, para além de qualificar um espaço actualmente sem grande proveito, tem o mérito da plausibilidade e da vontade expressa de estabelecer uma relação directa com o Rio Tejo – espaço natural tantas vezes separado da Cidade pelas actividades do porto de Lisboa. Com uma arquitectura “topográfica” reinterpreta a natureza de modo artificial enfatizando o mesmo sentido que uma piscina faz no Tejo.
Contributo para uma reflexão:
Uma modelação exterior como grande peça de mobiliário urbano. A cidade com a textura de um quarto vazio é o que propõe Marco Silva e Daniela Lopes, como grande espaço de interacção pública a resolver não por quem o projecta mas por quem o habita. Uma concepção nas franjas da ironia e de um espaço de sonho, para preencher com as nossas vivências ou conquistar escavando refúgios pessoais, no meio da cidade
Doca do Jardim do Tabaco
Marco Simões da Silva and Daniela Trigo Lopes
The proposal (summary):
What are urban voids if not the very own reflex of the contemporary human and urban condition. Voids; they remain for their own periods of space and time, until the city absorbs them.
In comparison, an urban void could perform the same role as an empty room in a house – for they are the most flexible spaces, awaiting for new uses that can have a contrast function with those spaces that are already filled with urban furniture.
It’s, in abstraction, a place of refuge from the formatted spaces of other divisions, a space that we could use differently. These are the spaces that stimulate our imagination.
What the jury said:
This proposal not only qualifies a space that currently carries little use, but also has the plausible merit of willingly establish a direct relation with the Tagus River – a natural space that is often separated from the city. With a “topographic” architecture, it reinterprets its nature with an artificial form.
Contribute for a reflection:
An external modulation as a great piece of urban furniture. A city with the texture of an empty room is what’s proposed by Marco Silva and Daniela Lopes, as a big space for public interaction; a space to be resolved not by who conceives it but by those who live in it. A conception in the fringes of irony that is also a dream-landscape, to be filled with our living experiences or conquered, excavating our own personal refuges, in the middle of the city.