O último dia de conferência foi marcado por contrastes muito vincados entre as diversas apresentações. Bjarke Ingels protagonizou um dos momentos mais altos da sessão, não apenas pela qualidade dos projectos apresentados do BIG (Bjarke Ingels Group) mas também pela extraordinária capacidade de comunicar os processos criativos presentes na sua concepção – uma arquitectura que é experimental e evolutiva em oposição à mera procura de originalidade e ruptura. Lançando sobre a audiência o tema “Revolution” Bjarke avançou com uma ideia peculiar: “If your agenda is always the opposite of what’s going on, than you’re actually a follower”. Bjarke explicou a sua impressão de um mundo dominado pela necessidade de conflito – uma necessidade latente nos media e no discurso político em constante aceleração. Concluiu dizendo que os arquitectos têm o dever de assumir protagonismo no tempo mediático para contrariar esta realidade – o seu trabalho é desenvolver exactamente o oposto do conflito, eliminando-o através de soluções inclusivas e unindo diferentes realidades num mundo onde todos possam coexistir.
Uma tarefa difícil na realidade portuguesa, como ficou patente na bela e difícil exposição de Manuel Graça Dias. Apresentando um mosaico de imagens da nossa realidade urbana e suburbana, evidenciou a desqualificação profunda dos seus centros antigos, envelhecidos e vagamente funcionais, e as periferias degradadas, territórios de dureza e conflito. Aproveitando o tema da trienal, Graça Dias abordou algo mais do que o “vazio” para falar de um processo de esvaziamento das cidades. No debate da manhã Kurt W. Foster falou da necessidade de olhar para as cidades numa perspectiva extensa no tempo, para compreender que estas sempre se caracterizaram por fenómenos de esvaziamento e repleção num movimento constante e, por vezes, simultâneo. Também Foster valorizou o papel do arquitecto enquanto perito – não como alguém que dispõe de receitas para resolver os problemas da cidade, mas como um perito em questionar e repensar os problemas, de formas diferentes do que aquelas em que usualmente eles são concebidos ou compreendidos.
Este dia contou ainda com as presenças de Emílio Tuñón, Kengo Kuma, Jan Kaplicky e João Pedro Serôdio. A sessão da tarde foi moderada por Diogo Lopes.
International Conference - Day 3
This third and final day was characterized by very sharp contrasts beween presentations. Bjarke Ingels was one of the highlights of the session, not only for the quality of the projects that were presented but also for his ability to communicate the creative processes supporting their design – an architecture that is both experimental and evolutionary, in opposition to a mere search for originality or rupture. Launching the theme of “Revolution”, Bjarke developed a peculiar idea: “If your agenda is always the opposite of what’s going on, then you’re actually a follower”. Bjarke explained his impression of a world dominated by a need for conflict – a necessity that is latent in the media and in political agendas. He concluded addressing the need for architects to assume a visible role in society in order to confront this reality – the architect’s work is to develop the opposite of conflict, eliminating it through inclusive solutions allowing different realities to coexist.
A dificult task in the current portuguese situation, as it was shown in the beautiful but painful presentation of Manuel Graça Dias. Presenting a mosaic of images in a portrait of our urban and suburban reality, he shed some light on the profound disqualification of the old city centres, aged and vaguely functional, and the problematic peripheries, territories of harshness and conflict.
Seizing the theme of the triennale, Graça Dias talked about something deeper than the “void” and addressed the issue of the voiding of cities. Kurt W. Foster advanced the need to look to cities in a wider perspective, to understand that these have always been characterized by phenomena of voiding and repletion, in a constant and often simultaneous movement.
This day also featured the participations of Emílio Tuñón, Kengo Kuma, Jan Kaplicky and João Pedro Serôdio. The afternoon was moderated by Diogo Lopes.