Foi um dia intenso no Teatro Camões onde decorreu o primeiro conjunto de sessões da Conferência Internacional «O Coração da Cidade». Debateram-se diversos aspectos da realidade urbana contemporânea como os fenómenos de globalização e intensificação da cidade. Numa apresentação bastante impressiva, Thom Mayne elaborou uma concepção de cidade enquanto fenómeno de acumulação massiva de pessoas e de aceleração de modos de vida. Esta rápida transformação de conceitos desafia anteriores noções de terminologia urbana. "Nunca existe um centro mas uma multiplicidade de centros - mas a própria definição de centros está a alterar-se." TM
Neste enquadramento cultural em constante evolução dramatizam-se conflitos entre o local e o global, o individual e o colectivo. A transformação do conceito de família convencional e a redefinição do espaço público exigem uma crescente capacidade dos arquitectos em abraçar processos de gestão de complexidade e de criação de ideias infra-estruturantes. A multiplicidade de problemas que se colocam hoje obrigam a articular essa complexidade, abandonando a prática de uma arquitectura enquanto mera disciplina para a fisionomia do objecto, para gerar processos criativos capazes de introduzir coesividade do espaço urbano fragmentário – processos em que os vazios urbanos podem ter a maior relevância enquanto oportunidades de intervenção.
Nesta nova realidade a arquitectura pode ser o elemento agregador de espaços desconectados, promovendo uma verdadeira colisão entre arquitectura e urbanismo na actual prática profissional. "Esqueçam o futuro. Tentem compreender o presente." TM
Este primeiro dia contou ainda com as presenças de Luis Fernández-Galiano, Saskia Sassen, João Luís Carrilho da Graça, Paulo Martins Barata, Jamie Fobert, Eduardo Souto de Moura e Mark Wigley. Nos próximos dias daremos conta de mais detalhes destas e das restantes participações da conferência.
International Conference - Day 1
It was an intense day in Camões Theatre where the first set of sessions of the International Conference “The Heart of the City” has taken place. The debate followed several aspects of contemporary urban reality like globalization and intensification of city life. In a rather impressive presentation, Thom Mayne offered a view of cities as phenomena of massive accumulation of people and acceleration of lifestyles. This rapid transformation of concepts challenges previous notions of urban terminology - «There’s never a centre but a multiplicity of centres – but the very definition of centres themselves is changing». TM
In this cultural environment of constant evolution, conflicts between local and global, individual and collective, are dramatized. The transformation of the concept of conventional family and the redefinition of public space demand a growing ability of architects in order to embrace management processes that are able to resolve complex infra-structural ideas. The multiplicity of problems that is present in the world today demands an articulation of complexity, in detriment of an architectural practice that’s simply focused on the physiognomy of the “object” - as to generate creative processes that introduce cohesion on an otherwise fragmented urban space – processes in which urban voids can play a major role as opportunities for direct intervention.
In this new reality, architecture can be the gluing element of disconnected spaces, promoting a collision between architecture and urbanism.